Jorginho Mello tem desagradado o próprio PL para compor sua chapa
A imposição do chefe Bolsonaro pela candidatura de Carlos é hoje o principal fator de desestabilização na formação da aliança dos sonhos do governador
Redação RWTV - Alto Vale

Por Jean Carlo Lima.
Neste final de semana, aconteceu o evento em comemoração aos 60 anos do MDB/SC, em Santa Catarina, com a presença do presidente nacional do partido, Baleia Rossi. Mas o destaque ficou por conta do governador Jorginho Mello, único presidente de outro partido a participar da festa. Ao discursar, o governador chamou para estar ao seu lado o presidente estadual do MDB, Carlos Chiodini, a quem carinhosamente se referiu como Carlinhos, o mesmo que, votou a favor da reforma tributária e classificou como inúteis pautas conservadoras defendidas no Congresso.
A presença do governador Jorginho Mello, do PL, no evento do MDB marcou o lançamento do “conservador desconstruído”, pelo fato de transitar com muita naturalidade no meio do centrão fisiologista, com o objetivo de articular uma frente ampla para o pleito de 2026. A postura de Jorginho Mello, até poucos dias de fidelidade extrema às pautas conservadoras, puro de qualquer contato com quem não tem alinhamento com o bolsonarismo, desagradou os eleitores conservadores e boa parte da base, ao menos a mais importante.
Os problemas no PL
A deputada Júlia Zanatta (PL) se manifestou nas redes sociais no mesmo dia, dando início a uma ofensiva ideológica e identitária contra a decisão do governador de escolher o MDB para compor a majoritária. Júlia se coloca como guardiã do imaculado véu bolsonarista em Santa Catarina; ela é uma “puro-sangue”, reconhecida pela sua devoção religiosa ao bolsonarismo. A deputada critica a falta de alinhamento do MDB com o PL e, nas entrelinhas, sugere que estar com o MDB é estar contra Bolsonaro.
A deputada Carol de Toni também tem descontado publicamente suas desilusões políticas no governador Jorginho Mello. A imposição do chefe Bolsonaro pela candidatura de Carlos é hoje o principal fator de desestabilização na formação da aliança dos sonhos do governador. O quadro já estava desenhado há algum tempo: o MDB indicaria o vice, pela sua musculatura política e grande capacidade de mobilização, e as duas vagas ao Senado seriam divididas entre Di Toni, do próprio PL, e Espiridião Amin, pelo tempo de TV garantido pelo União-PP.
Embora o governador tenha garantido a segunda vaga do Senado ao centrão, para o União-PP de Amin, Carol não pode admitir publicamente o fato de ter perdido a sua vaga para Carlos Bolsonaro, pois assim desagradaria o “chefe” e os eleitores bolsonaristas. Carol não pode dizer o óbvio: Carlos é do Rio de Janeiro e veio para Santa Catarina tirar a sua vaga do PL ao Senado. Ela não tem coragem, envergadura nem independência política para isso. Portanto, resta-lhe pressionar pela composição de uma chapa pura ao Senado junto com Carlos, sob ameaça de deixar o partido caso isso não aconteça.
Jorginho quer o tempo de TV do União-PP
Assim, com o fator Carlos Bolsonaro pacificado, sobrou para Jorginho decidir entre Esperidião Amin e De Toni. Preterido por todos, mas precioso pelo tempo de TV do União-PP, indispensável na campanha, Amin se torna o pivô de um iminente rompimento de Carol di Toni com o PL, que nunca poderá dizer a verdade: Carlos tirou a minha vaga.
Contudo, ao se alinhar ao centrão, desconstruindo sua imagem de conservador “até debaixo d’água”, Jorginho começa a perder pontos na corrida pela agronômica. Na última pesquisa, foram em média quatro pontos percentuais. Muita coisa faltando um ano para as eleições.
SC em Pauta


