Empresa de sobrinho de Jorginho foi criada para vender para a Celesc

Redação RWTV - Alto Vale


A coluna SC em Pauta divulgou, ontem, com exclusividade, a condenação de Rosa Maria Gazzoni, irmã do governador Jorginho Mello (PL), e de seu filho, Thiago Gazzoni, por fraudes em compras realizadas na Celesc, em 2004.
O processo trata de um esquema envolvendo notas fiscais frias, favorecimento familiar e direcionamento de contratos para empresas ligadas aos dois. Em depoimento, Aldo Antunes Livramento, então chefe regional da Celesc em Joaçaba, que também foi condenado na investigação por ter obtido, de forma irregular, o Programa de Demissão Voluntária Incentivada (PDVI) junto com Rosa, afirmou que, entre 2003 e 2004, tomou conhecimento de irregularidades envolvendo a aquisição de equipamentos com notas fiscais falsificadas. Ele relatou que, ao tentar apurar a origem das mercadorias, recebeu a informação de que não havia vendas registradas para a agência.
Força política
“Assim que tomei conhecimento das notas frias, comuniquei toda a diretoria e comecei a elaborar um dossiê antes mesmo da abertura do processo. Mas cansei de informar e ninguém fazia nada. As pessoas diziam: ‘Tu sabe que não adianta, é irmã do Jorginho Mello, cê não vai ganhar nenhuma’”, declarou o ex-servidor Aldo Antunes Livramento. Ele contou aos investigadores que, apesar de não ter indicado Rosa, ela foi nomeada gerente administrativo-financeira “à revelia”, por decisão da diretoria, o que gerou conflitos internos. “Entre conviver e confiar tem diferença. Havia problemas pessoais e gerenciais que prejudicaram a agência”, disse.
Criada para a Celesc
De acordo com a auditoria da Celesc, a empresa Net Com Informática e Eletrônica, registrada em nome de Thiago Gazzoni, sobrinho do governador Jorginho Mello (PL), foi aberta com o objetivo de fornecer produtos à estatal.
O levantamento apontou que notas fiscais e orçamentos foram forjados para favorecer o negócio. As compras incluíam upgrades de computadores, mouses, teclados, estabilizadores e até rádios. Houve casos de notas emitidas por floriculturas para justificar a aquisição de equipamentos de informática.
Testemunhas confirmaram que pagamentos eram feitos com cheques entregues diretamente a Rosa e a Thiago, muitas vezes com urgência injustificada.
“Antes da gestão de Rosa, as aquisições passavam por supervisão administrativa. Depois que ela assumiu, isso mudou, especialmente nas compras de informática”, relatou Ubirajara Antonio Lamartini Rosar.
Segundo Marisa Martins Garcia Curtarelli, presidente da comissão de inquérito, “As aquisições de produtos de informática eram feitas junto à empresa de Thiago, com notas inidôneas e orçamentos sem procedência, direcionando as compras à Net Com”. A Justiça entendeu que houve dispensa indevida de licitação, falsificação de documentos e favorecimento familiar, condenando Rosa Maria Gazzoni e Thiago Gazzoni. As penas incluem ressarcimento ao erário e restrições de direitos, além de multa, conforme noticiado, ontem, pela coluna.
O caso expôs a influência política dentro da Celesc à época. Aldo Antunes Livramento afirmou que a saída antecipada de Rosa foi autorizada pela diretoria da empresa, mesmo durante investigações, e que ela era mantida no cargo por ser “irmã do Jorginho Mello”.
SC em Pauta/Marcelo Lula

