Para combater nuvem de gafanhotos, governo Bolsonaro libera mais usos para agrotóxicos
Na última semana, uma grande nuvem de gafanhotos vinda da Argentina causou apreensão entre os produtores do sul do Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura da Argentina, os gafanhotos são da espécie Schistocerca cancellata. Eles não oferecem risco aos humanos, não são venenosos e nem transmitem doenças, mas são uma forte ameaça à atividade agrícola. As informações são do Diário do Centro do Mundo e Repórter Brasil.
O inseto se alimenta de material vegetal, e pode comer diariamente uma quantidade maior que o seu próprio peso, o que faz com que as nuvens de gafanhoto consigam destruir plantações inteiras em apenas algumas horas. Segundo projeção do coordenador do Programa Nacional de Gafanhotos do Serviço Nacional de Saúde da Argentina (Senasa), Héctor Medina à agência de notícias Reuters, a nuvem de cerca de 1km² deve conter mais de 40 milhões de gafanhotos, que podem devorar em um só dia o consumo alimentar de 2 mil vacas ou 350 mil pessoas.
Com a proximidade da nuvem de gafanhotos da fronteira brasileira na semana passada, o Ministério da Agricultura do Brasil publicou na quinta-feira uma portaria declarando estado de emergência fitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A medida, que tem duração de um ano, permite temporariamente a contratação de pessoal, autoriza importação de agrotóxicos para conter a praga e flexibiliza o uso dos produtos já autorizados para novas culturas. Com isso, pode ser aprovado o uso de agrotóxicos que não estariam autorizados para o controle de gafanhotos.
Antes disso, o Ministério precisa publicar atos adicionais à portaria divulgando os produtos liberados temporariamente. A reportagem questionou quais agrotóxicos serão utilizados, mas o Ministério informou que essas informações só estarão disponíveis quando o ato for publicado.
O Ministério da Agricultura consultou as empresas produtoras de agrotóxicos para identificar quais produtos poderiam ser utilizados no combate às pragas. A CropLife, entidade que representa as empresas produtoras de pesticidas, informou que atualmente não existe defensivo, químico nem biológico, registrado no Ministério da Agricultura para controlar essa espécie de gafanhoto.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Andreza Martinez, gerente regulatório de defensivos químicos da Croplife, disse que como a espécie de gafanhotos Schistocerca cancellata não é normalmente encontrada em altas populações no Brasil, não há no mercado um produto que tenha sido especialmente formulado para combater a praga. Mas que há alternativas para o uso em caráter emergencial.
Segundo ela, estudos realizados ao longo do desenvolvimento de alguns agrotóxicos mostraram que eles podem apresentar eficácia no controle dessa espécie de gafanhotos. Agora, técnicos devem identificar qual dose seria recomendada e qual o momento adequado para a pulverização. A reportagem entrou em contato com a CropLife e questionou quais são os agrotóxicos que podem apresentar eficácia contra o Schistocerca cancellata, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
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