- Início
- Alto Vale
- Comarca de Ituporanga, que possui mais de 120 medidas protetivas, recebe capacitação do MPSC sobre grupos reflexivos
Comarca de Ituporanga, que possui mais de 120 medidas protetivas, recebe capacitação do MPSC sobre grupos reflexivos

Redação RWTV - Alto Vale


"O trabalho com os homens autores de violência é uma das ferramentas mais eficazes para romper o ciclo da agressão. A criação de grupos reflexivos não substitui a responsabilização penal, mas agrega uma dimensão transformadora, que busca prevenir a reincidência e promover mudanças reais de comportamento. É um avanço que fortalece toda a rede de proteção à mulher e reafirma o compromisso do Ministério Público em dar efetividade à Lei Maria da Penha."
Com essa fala, a Promotora de Justiça Renata Bezerra Marinho de Oliveira, da 2ª Promotoria de Justiça de Ituporanga abriu a capacitação realizada nesta sexta-feira (19/9) na Câmara de Vereadores do Município. O evento, promovido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em parceria com o Poder Judiciário, reuniu cerca de 50 participantes entre profissionais do Serviço Social, Psicologia, Direito e áreas afins, que integram as equipes técnicas e multidisciplinares dos municípios da comarca.
Contexto local
A comarca de Ituporanga - que abrange os municípios de Atalanta, Chapadão do Lageado, Imbuia, Ituporanga, Leoberto Leal, Petrolândia e Vidal Ramos - conta atualmente com mais de 120 medidas protetivas em vigor. "Queremos mudar essa realidade. Não basta punir, é preciso transformar. Nosso objetivo é garantir que cada medida aplicada tenha um impacto real na vida das mulheres, das famílias e da comunidade. Essa é a missão do Ministério Público: proteger direitos e construir caminhos para que a violência não se repita", enfatizou a Promotora de Justiça Renata Bezerra.
Capacitação
A convidada para ministrar foi a assistente social do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Mariciana Mezzomo, facilitadora e gestora de grupos reflexivos no município de Itá, no Oeste catarinense, onde a prática ocorre desde 2015. Durante a apresentação, ela compartilhou a experiência do município, que se tornou referência na condução de encontros voltados à responsabilização e transformação do comportamento de homens autores de violência.
"Em Itá, percebemos que os grupos reflexivos são um espaço potente para trabalhar a responsabilização e provocar mudanças. Quando o homem se vê desafiado a refletir sobre suas atitudes e o impacto delas na vida das mulheres, abre-se a possibilidade de romper com o ciclo da violência. É um trabalho de longo prazo, mas que já mostra resultados significativos", destacou Mariciana.
Segundo a palestrante, a regulamentação nacional estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2022, fortaleceu a prática ao definir diretrizes para a criação e funcionamento dos grupos reflexivos, consolidando-os como uma política pública essencial no enfrentamento à violência doméstica.
Durante o encontro, o Subtenente da Polícia Militar reforçou a importância da articulação entre os órgãos:
"Nosso trabalho na linha de frente nos mostra que apenas a prisão não resolve. Precisamos oferecer mecanismos que interrompam o ciclo da violência e deem segurança às vítimas. Os grupos reflexivos se apresentam como um complemento necessário", informou Volnei Luiz, que também integra a Rede Catarina de Proteção à Mulher.
Já a profissional da Assistência Social de Chapadão do Lageado destacou a necessidade de integração com as famílias: "É na escuta atenta e no acompanhamento próximo que conseguimos fortalecer vínculos e oferecer alternativas reais. Trabalhar em rede nos dá condições de agir de forma preventiva e transformadora", disse Gabriele Pires Padilha.
Grupos na prática
A ideia é que a partir de agora os representantes dos sete municípios que compõem a comarca de Ituporanga se organizem para dar início aos grupos reflexivos, de acordo com a realidade de cada localidade. A proposta é que os autores de violência doméstica participem de, pelo menos, 8 encontros de 1 hora cada um.
"Mais do que uma exigência legal, os grupos reflexivos são uma oportunidade real de mudança. Quando cada município assume a responsabilidade de implantar essa política, estamos dando um passo concreto para reduzir a reincidência e oferecer mais segurança às mulheres. Oito encontros podem representar o início de uma nova história para muitas famílias", finalizou a Promotora de Justiça Renata Bezerra Marinho de Oliveira.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social do MPSC- Correspondente Regional em Blumenau

