Clima ainda será adverso para o agro em 2024

Clima ainda será adverso para o agro em 2024
Produtores tentam se adaptar aos efeitos que o El Niño causará até abril de 2024 — Foto: Divulgação


instabilidade do clima, que gerou perdas de R$ 33,7 bilhões no campo com eventos extremos de norte a sul do país neste ano e tem forçado agricultores do Centro-Oeste a replantar áreas de soja nesta safra, não vai dar trégua ao setor em 2024. Além de estarem mais intensos, os fenômenos climáticos são mais recorrentes, e há cada vez menos espaço para períodos de neutralidade.

Willians Bini, meteorologista que lidera a área de comunicação da Climatempo, afirmou que já há indícios de que irá ocorrer um novo La Niña no ano que vem, fenômeno que já causou três anos consecutivos com chuvas abaixo da média no Sul do Brasil. Por ora, os produtores tentam se adaptar aos efeitos que o El Niño causará até abril de 2024, mas não terão tempo de tirar os olhos do céu e “girar a chave” antes de um novo fenômeno climático afetar as suas lavouras.

“O El Niño começa a perder força no verão, mas o outono ainda deve sofrer influência dele. O inverno ainda é uma incógnita, mas pode ocorrer um novo La Niña, trazendo precipitações menores para o Sul”, disse Bini durante o 2º Fórum Futuro do Agro, realizado pela Globo Rural ontem, em São Paulo. “O planeta está passando por um período de aquecimento, e temos que pensar essa situação para o agronegócio em termos de desafios”, apontou.

A constatação dos especialistas é que os períodos de neutralidade do clima estão cada vez mais raros, o que demanda atenção constante dos produtores e mais assertividade na adaptação para resistir aos novos tempos.

“A agricultura é a grande vítima de eventos climáticos extremos. Mas já existem várias tecnologias que podem ajudar a combater esses efeitos e garantir a produção de alimentos. Já temos pesquisas, políticas públicas e programas de proteção ambiental e social para atingir esse objetivo”, opinou Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, no evento.

Ontem, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram um estudo que mostra o avanço da intensidade os extremos climáticos no Brasil. Entre 1961 e 1990, o número de dias consecutivos secos era, em média, de 80 a 85 dias. Subiu para cerca de 100 dias para o período de 2011 a 2020 nas áreas que abrangem o norte do Nordeste e o centro do país. O número de dias com ondas de calor passou de sete para 52 em 30 anos.

A adoção das boas práticas pelos produtores não terá efeito se o consumidor final não valorizá-las, afirmou Amália Sechis, fundadora da Beef Passion, primeira marca de carne bovina brasileira certificada internacionalmente pela Rainforest Alliance. “Temos produção verticalizada, toda rastreada e com boas práticas ambientais e sociais, mas é preciso ser valorizado por quem consome, porque existe um custo alto de produção”, afirmou.

Uma das ações para adaptabilidade climática na carne produzida pela Beef Passion está na origem genética dos animais, que são de raças Angus e Wagyu, mas com cruzamentos de Nelore, para que os bovinos resultantes sejam tolerantes às condições dos pastos brasileiros. “Também conseguimos reduzir em 43% a emissão de gases nocivos dos animais”, destacou Amália.

Desde 2014, há ocorrência alternada quase ininterrupta dos El Niño e do La Niña. Os problemas climáticos causaram prejuízos de R$ 287 bilhões à agropecuária brasileira, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), de 2013 a 2022. Só em 2023, foram outros R$ 33,7 bilhões, sendo R$ 24,6 bilhões na agricultura e R$ 9,1 bilhões na pecuária.

“Faz sentido o produtor se preocupar com o clima nesta safra. Há grande risco de serem afetados”, afirmou José Marengo, coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), no evento. “O problema na maior parte do Brasil não é só a falta de chuvas, mas o aumento da temperatura, que agrava a situação de seca durante a primavera e verão”, completou o cientista.

Bini, da Climatempo, disse que o fim da primavera e o início do verão registrarão novos períodos sem chuvas e com altas temperaturas no país, com previsão de perdas na safra de grãos. E aquilo que preocupa os produtores de grãos, principalmente do Centro-Oeste, pode se intensificar.

“No Mato Grosso, muitos lugares estão em processo de replantio. Onde as temperaturas chegaram a 40 ºC, no solo pode passar de 50 ºC. Com isso, as plantas emergentes e sementes são praticamente cozinhadas”, disse.

O 2º Fórum Futuro do Agro também debateu o avanço da conectividade no campo e a expansão do uso de insumos biológicos na agricultura brasileira.

Fonte: Globo Rural



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